O PERIQUITO DO RONALDO
Ha um ditado latino que reza: “De mortuis nihil nisi bene”. Em livre tradução, o ditado recomenda que não se fale dos mortos a não ser que seja bem. Parece que essa recomendação encontrou eco na alma da nosso povo, pois quando alguém parte para o outro lado a gente deixa de comentar sobre os seus defeitos e enaltece as suas virtudes, mesmo que raras.

Feita esta introdução, informo que a crônica de hoje focaliza o nosso amigo golfista Ronaldo, que no ano 2020 foi fazer a bola voar no campo do infinito. O meu primeiro contato com Ronaldo foi à distância. Quando fui morar em frente ao Parque do Cocó observei, do alto do 21º andar, que durante três dias da semana algumas pessoas jogavam golfe na área que fica na frente do anfiteatro. Fui ao Parque para ver mais de perto a prática de um esporte que eu admirava, mas que nunca tivera a oportunidade de praticar. Um dos golfistas era Ronaldo. Desde o primeiro contato me entendi bem com ele. Uma pessoa do bem que sempre contava com a proteção de um anjo de plantão. Anos após estivemos juntos no famoso campo do Doral, em Miami.

A bem da verdade, Ronaldo sempre foi um excelente companheiro e com desempenho bem melhor no buraco 19 do que dentro do campo de golfe. Inclusive num torneio de pitch & putt, no qual ele disputou apenas com dois tacos, Ronaldo fez a proeza de perder um taco. Mas o fato mais humorístico da curta carreira do golfista Ronaldo ocorreu na serra paraibana, na cidade de Bananeiras. Quando terminou o torneio, houve dificuldade de Ronaldo entrar na van que nos levaria até o hotel para tomar banho e pegar a bagagem para viajar. Como o seu estágio no buraco 19 tinha sido exagerado, Ronaldo adormeceu profundamente logo que entrou na van. Ao chegar na pousada em que ele se hospedara, dois colegas se prontificaram a apanhar os seus pertences e liquidar a conta dele. Qual não foi a surpresa quando a dona da pousada informou que ele comprara dois periquitos que estavam numa gaiola na recepção, à espera do seu dono. Os dois colegas, atônitos com a novidade, pediram à dona da pousada que desse outro destino aos periquitos e partimos de volta sem as aves. Quando já estávamos quase em território cearense e Ronaldo acabara de acordar do sono profundo, um colega em voz alta perguntou pelos periquitos. Ronaldo indignado queria que voltássemos a Bananeiras para buscar os seus periquitos que provavelmente o levaram em suas asas para fazer a bola voar & rolar no campo do infinito.
Descansa em paz, amigo Ronaldo.

Antenor Naspolini
Cocó Golfe Clube – Fortaleza, Ce.
antenornaspolini@yahoo.com.br

Lembranças de Ronaldo do acervo mágico do golfista Alex Maranguape.

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